Blog direcionado, a pesquisas e discussões sobre agroecologia

domingo, 18 de setembro de 2011

Campanha permanente contra o uso de Agrotóxicos e pela vida!

Essa campanha surgiu da importância que os agrotóxicos tomaram na produção agrícola brasileira e dos problemas consequentes da sua adoção junto a todo um pacote tecnológico pouco preocupado com as demandas reais da sociedade mas sim com o lucro a todo custo ambiental, social e político.
Os grandes produtores e as empresas transnacionais defendem a ampla utilização de agrotoxicos nas lavouras e um dos argumentos para isso seria a progressiva diminuição no uso destes devido à utilização vinculada a organismos geneticamente modificados.
Os agrotoxicos têm tido sua importação e uso aumentados chegando à taxa de 5,25% ao ano de aumento no consumo de herbicidas entre os anos de 1999 a 2007, 4,92% nos inseticidas e 2,34% nos fungicidas no mesmo periodo.
Já no que diz respeito ao crescimento anual do consumo de agrotóxicos por estado brasileiro, ainda segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (SINDAG), o campeão de aumento do uso foi o Mato Grosso com uma média de 5,42% ao ano de 1999 a 2007; o Paraná teve uma média de 5,12% ao ano enquanto o Rio Grande do Sul 5,08% sendo que a soja foi o responsável em 2007 por 43% do consumo total de agrotóxicos no Brasil.
Cada brasileiro consome em média 5,2 litros de agrotóxicos por ano. Até quando vamos engolir isso?



 

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

À medida que o NDA se estrutura, aumenta sua importância no contexto institucional e regional. Sob o ponto de vista institucional vem ampliando as possibilidades de experiências didático-pedagógicas em agroecologia, bem como, permitindo a experimentação e a divulgação de modelos agrícolas alternativos. Com isso tem despertado a consciência crítica em relação ao modelo agrícola difundido na matriz dos cursos agropecuários. Sob a ótica regional o NDA se alia às instituições que buscam fortalecer as iniciativas de produção agrícola de base ecológica atuando principalmente no segmento educacional em parceria com escolas e associações de produtores orgânicos.
O NDA ampliou as possibilidades de concretizar ações direcionadas à construção do conhecimento agroecológico, destacando-se dentre estas a criação do Núcleo de Estudos em Agroecologia (NEA), a partir do apoio recebido da SETEC/MEC via projeto aprovado no segundo semestre de 2010 (Processo 23000.010.224/2010.13; Portaria 137/2010 D.O.U. 23/09/10). O NEA tem tido importância significativa no processo de “desconstrução” do saber formatado, baseado no modelo exclusivamente convencional. Por meio de debates, estudos de caso, excursões técnicas e oficinas, vem fomentando na instituição a construção do conhecimento na perspectiva da sustentabilidade, em todas as suas dimensões. Atualmente o NEA conta com a participação de 15 jovens, sendo 14 deles alunos do ensino médio integrado em agropecuária e um do curso superior de Agronomia.
Os resultados obtidos pelo NEA até o momento são significativos, considerando o período de praticamente um ano de condução efetiva das atividades e a dificuldade na obtenção de recursos financeiros. Os alunos membros do Núcleo tem demonstrado muito interesse e afinco para que as metas de estruturação do NDA sejam alcançadas com sucesso. O NEA, até o momento, concentrou suas atividades principalmente na estruturação das UD’s agroecológicas e na formação teórica dos seus componentes (figuras 1 B e 1D). Desde o mês de junho de 2011, o grupo vem se dedicando também a divulgar os trabalhos do Núcleo visando ampliar a participação da comunidade escolar nas reuniões e atividades práticas. O grupo criou um “Blog” na Internet para divulgar suas atividades (http:// www.neagast.blogspot.com) e está em vias de realizar um concurso para a criação de uma logomarca representativa do Núcleo. Com a estrutura disponível hoje no NDA e a atuação do NEA, parcerias importantes estão sendo firmadas, podendo ser citadas dentre elas: o Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural (INCAPER), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), o Instituto Chão Vivo de Avaliação da Conformidade (ICV), a Associação dos Criadores de Ovinos do ES (ACOES) e a Secretaria de Agricultura do Estado do Espírito Santo (SEAG/ES).
Desde a criação do NEA, em setembro de 2010, várias atividades/ações internas e externas já foram realizadas, com destaque para as seguintes:

1) Apoio na organização do Seminário sobre “Agroecologia: em busca do desenvolvimento sustentável”, realizado no final do mês de setembro/2010. Neste evento, professores que participam da implantação do NDA ministraram palestras sobre adubação verde e sobre manejo agroecológico de insetos para alunos, pais de alunos e professores da Escola Estadual de Ensino Fundamental Fazenda Emílio Schroder, Distrito de Alto Santa Maria - Santa Maria de Jetibá.

2) Participação na 2ª Mostra Capixaba de Audiovisual Rural ocorrida em outubro/2010 no Município de Castelo – ES. Os alunos componentes do Núcleo apresentaram o documentário “Raízes” desenvolvido a partir da idéia de valorizar os saberes do campo, passados de geração a geração.

3) Excursão de estudos ao Circuito Caravaggio, Santa Teresa, em dezembro/2010. Os membros do Núcleo realizaram uma trilha ecológica na região do Parque Municipal do Vale do São Lourenço, onde tiveram a oportunidade de observar na prática a importância das relações ecológicas ocorridas numa floresta típica do Bioma Mata Atlântica. Neste mesmo dia tiveram a oportunidade de avaliar as condições do município em relação à cobertura vegetal e ao uso da terra, a partir de um mirante localizado a aproximadamente 1000 m de altitude.

4) Visita Técnica ao Distrito de Alto Santa Maria em dezembro/2010. O NEA juntamente com alguns professores convidados realizaram essa visita com o objetivo de estreitar as relações de parceria com a Escola Estadual de Ensino Fundamental Fazenda Emílio Schroder e a Associação de Produtores Orgânicos do Distrito de Alto Santa Maria. A visita possibilitou ao grupo conhecer um pouco da cultura pomerana (predominante na região) e do trabalho desenvolvido pelos agricultores orgânicos, despertando possibilidades de apoio mútuo em ações de disseminação do conhecimento agroecológico.

5) Organização e condução da oficina intitulada “Da terra a mesa: uma perspectiva agroecológica de produção e consumo” realizada no espaço do NDA em junho/2011, durante as atividades comemorativas da Semana do Meio Ambiente (figura 1 C). A oficina foi oferecida para a comunidade escolar e constou num primeiro momento de uma abordagem teórica e prática de técnicas, processos e formas de praticar agricultura com maiores níveis de sustentabilidade. Num segundo momento, o foco foi direcionado ao consumo consciente, demonstrando maneiras alternativas de utilização integral dos alimentos.

6) Participação na Reunião da CPOrg/ES em agosto/2011. A convite do escritório estadual do MAPA, em Vitória/ES, o NEA apresentou suas atividades para a Comissão de Produção Orgânica do Estado. Essa apresentação foi considerada um marco importante para o NEA, já que a partir dela, suas ações passaram a ter maior visibilidade e o Núcleo a ser reconhecido entre as organizações agroecológicas que figuram no cenário estadual. Esse fato permitiu ao NEA iniciar uma articulação no sentido de expandir seu raio de ação, atuando prioritariamente no segmento educacional, mas não mais apenas em nível local e regional.

7) Participação no Seminário Estadual de Agroecologia no município de Cachoeiro de Itapemirim nos dias 13 e 14 de setembro de 2011. Os componentes do NEA, com o apoio Institucional e de parceiros, participaram integralmente do Seminário Estadual de Agroecologia, consolidando o Núcleo como entidade atuante em agroecologia no Estado.

A implantação do NDA foi significativa no processo de fortalecimento institucional da agroecologia no campus Santa Teresa. Sem esse Núcleo a agroecologia corria o risco de ser relegada a apenas mais uma disciplina da matriz curricular do curso Técnico em Agropecuária. No entanto, em articulação direta com as ações do NEA, tem despertado o interesse dos diferentes segmentos da comunidade escolar, sendo visível atualmente a inserção de princípios agroecológicos em atividades que vão desde rotinas de trabalho de campo até projetos de extensão e pós-graduação. São ações ainda incipientes diante da necessidade de mudanças urgentes nos paradigmas de produção agropecuária, mas fundamentais no processo, mesmo que lento, de construção do conhecimento numa perspectiva de sustentabilidade.

Figura 1. A) Vista parcial da área do Núcleo de Desenvolvimento Agroecológico do Ifes campus Santa Teresa; B) Componentes do Núcleo de Estudos em Agroecologia – NEA, em momento de formação teórica; C) Oficina sobre perspectivas agroecológicas de produção oferecida pelos componentes do NEA para a comunidade escolar; D) Componentes do NEA em atividade prática de marcação da unidade demonstrativa de adubos verdes.

Agradecimentos

À Administração do Ifes campus Santa Teresa pelo apoio na estruturação do NDA.

À SETEC/MEC pelo apoio financeiro aos educandos, o que viabilizou a instituição do NEA.

Aos alunos que compõem o NEA, que não tem medido esforços para difundir o conhecimento agroecológico no âmbito institucional e regional.

sábado, 10 de setembro de 2011

II Seminário Estadual de Agroecologia - 13 e 14 de Setembro de 2011, Cachoeiro de Itapemirim - ES.


INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – IFES
Campus Santa Teresa








PROJETO

Núcleo de Desenvolvimento Agroecológico:
espaço de congregação, validação e irradiação
de saberes agroecológicos



Parceria: Escola Estadual de Ensino Fundamental Fazenda Emílio Schroder

U.F. da Entidade Proponente: Espírito Santo








Santa Teresa
2010

Coordenador (área de atuação) - endereço

Lusinério Prezotti (Entomologia/Agroecologia)

Instituto Federal do Espírito Santo – Campus Santa Teresa
Rodovia ES 080, Km 21, São João de Petrópolis
CEP: 29660-000, Santa Teresa, ES, Brasil.
Telefone comercial: + 55 (27) 3259-7878
Fax: + 55 (27) 3259-7879
Telefone celular: (27) 9725-8071

Membros colaboradores (área de atuação) – e-mail

(IFES - Campus Santa Teresa, Curso Técnico em Agropecuária)

Antônio Fernando de Souza (Fitopatologia) – antoniofs@ifes.edu.br
Charles Moretto (Pedagogia) – charlesm@ifes.edu.br
Élio de Almeida Cordeiro (Irrigação) - cordeiroeafst@gmail.com
Fabiano Ricardo Brunelle Caliman (Horticultura) - frcaliman@yahoo.com.br
Felipe Zamborlini Saiter (Botânica) – fsaiter@ifes.edu.br
Francisco Brás Daleprane (Educação Agrícola) - dalepranechico@yahoo.com.br
Hediberto Ney Matiello (Plantas Ornamentais) - neimatiello@yahoo.com.br
Ismail Ramalho Haddade (Zootecnia) – ihaddade@ifes.edu.br
João Nacir Colombo (Agroecologia) - joaonacirc@yahoo.com.br
Luciano de Oliveira Toledo (Florestas) – ltoledo@ifes.edu.br
Milson Lopes de Oliveira (Solos) - milsonlo@terra.com.br
Robson Celestino Meireles (Sementes) – robsoncm@ifes.edu.br

( Escola Estadual de Ensino Fundamental Fazenda Emílio Schroder)

Wemerson Ballester (Agricultura tropical) - wemkat@uol.com.br

Título
Núcleo de Desenvolvimento Agroecológico: espaço de congregação, validação e irradiação de saberes agroecológicos.

Resumo
O Instituto Federal do Espírito Santo - Campus Santa Teresa / IFES-ST é uma instituição de ensino que conta com 69 anos de experiência no âmbito educacional na região central serrana do Estado. Ao longo desse período fomentou por meio do ensino e da extensão o uso, principalmente, das tecnologias do modelo convencional de agricultura. Essas técnicas foram importantes para o desenvolvimento econômico da sua região de inserção, no entanto, têm gerado um ônus ambiental significativo. É aparente a necessidade de modelos alternativos de produção que se mostrem mais sustentáveis sob o ponto de vista ambiental, econômico e social, tendo em vista o predomínio das pequenas unidades agrícolas movidas pela mão-de-obra familiar. Neste sentido o IFES-ST, por meio deste projeto, pretende estruturar um Núcleo de Desenvolvimento Agroecológico (NDA) com vistas a ser  um espaço de congregação, validação e irradiação de saberes  agroecológicos focados em experiências adaptadas ao contexto da agricultura familiar da sua região de inserção. A implantação de unidades demonstrativas (UDs) com diferentes sistemas agroecológicos de produção (agrofloresta, horta mandala, campo de adubos verdes e criação orgânica de animais) ampliará as possibilidades de desenvolvimento de experiências didático-pedagógicas em agroecologia, bem como, permitirá a experimentação e a divulgação dessas alternativas de produção. Introduzir modelos e práticas agroecológicas nas propriedades familiares a partir do conhecimento adquirido pelos filhos nas experiências desenvolvidas na sua escola ou a partir de visitas ao NDA do IFES-ST é a principal meta do projeto.

Lei Estadual de Incentivo a Agroecologia

LEI Nº 9.616
Incentiva a agroecologia e a agricultura orgânica na
agricultura familiar no Estado e dá outras providências.
O GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
Faço saber que a Assembléia Legislativa decretou e eu
sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º
produção agrícola alternativa que busca a sustentabilidade da agricultura
familiar resgatando práticas que permitam ao pequeno agricultor
produzir sem depender de insumos industriais.
Define-se como agroecologia, um sistema de
Parágrafo único
ecológicos básicos para estudar, planejar e manejar sistemas agrícolas
que, ao mesmo tempo, sejam produtivos, economicamente viáveis,
preservem o meio ambiente e sejam socialmente justos.
. A agroecologia engloba princípios
Art. 2º
produção que não utiliza fertilizantes sintéticos, agrotóxicos, reguladores
de crescimento ou aditivos sintéticos para a alimentação animal, nos
termos da Lei nº 10.831, de 23.12.2003, regulamentada pelo Decreto
nº 6.323, de 27.12.2007.
Agricultura orgânica define-se como o sistema de
Parágrafo único
valoriza o uso eficiente dos recursos naturais não renováveis, bem
como o aproveitamento dos recursos naturais renováveis e dos
processos biológicos alinhados à biodiversidade, ao meio-ambiente, ao
desenvolvimento econômico e à qualidade de vida humana.
. O manejo na agricultura orgânica
Art. 3º
pequenos agricultores serão estimulados às práticas que visem:
Para consecução dos objetivos desta Lei, os
I -
sistemas agroecológicos de produção e a certificação da produção
orgânica, visando à ampliação da produção com regularidade de oferta;
motivar, estimular e incentivar a implantação de
de organização e certificação da produção, tratamento pós-colheita,
processamento e comercialização em mercados e feiras de
comercialização direta ao consumidor final;
II - apoiar as associações de produtores nas iniciativas
III -
sementes de leguminosas para a adubação verde;
desenvolver pesquisas e incentivar a produção de
IV -
uso da adubação verde, compostagem e outros adubos de origem
orgânica;
estimular a recuperação da fertilidade do solo com o
V -
animal/vegetal) para diversificação, melhoria do manejo e viabilidade
econômica, junto aos agricultores familiares;
estimular a produção de pequenos animais (integração
VI -
como opção econômica e de diversificação em todas as atividades de
produção agropecuária ecológica, preferencialmente, com essências nativas;
estimular reflorestamentos, arborização e silvicultura
VII -
frutas, verduras e produtos processados, orgânicos/agroecológicos da
agricultura familiar;
desenvolver uma marca ou selo que caracterize as
VIII -
públicas municipais e estaduais e estimular o desenvolvimento de
projetos agroecológicos nas escolas.
promover palestras sobre agroecologia nas escolas
Art. 4º
dos agricultores familiares estão alicerçadas e comprometidas com os
seguintes princípios:
As atividades da agricultura orgânica na produção
I -
proteger as futuras gerações;
II -
prevenir a erosão do solo;
III -
proteger a qualidade da água;
IV -
rejeitar alimentos com agrotóxicos;
V -
melhorar a saúde dos agricultores;
VI -
aumentar a renda dos agricultores;
VII -
apoiar os pequenos agricultores;
VIII -
prevenir gastos futuros;
IX -
promover a biodiversidade;
X -
descobrir sabores naturais.
Art. 5º
Palácio Anchieta, em Vitória, 05 de Janeiro de 2011.
Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
JOSÉ RENATO CASAGRANDE
Governador do Estado